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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Imperialismo (3): O imperialismo na Ásia

Fonte: Imago História

Por um longo tempo a Ásia foi cobiçada pelos europeus. Os produtos asiáticos eram o alvo da cobiça dos navegadores que romperam a barreira do Mar Mediterrâneo no século XV e XVI. Esse interesse fazia da Ásia um continente bem conhecido no século XIX, e sabia-se que abrigava grandes civilizações milenares.
Os grandes dominadores da Ásia durante a época do imperialismo capitalista do século XIX e XX foram os ingleses, principalmente pelo fato de terem dominado a Índia.

O caso da Índia

A intensificação da dominação da Índia ocorreu por meio de um processo de ocidentalização e anexação de territórios. Como exemplo, pode-se citar a doutrina da vacância (1848), que determinava que os territórios onde morresse um soberano – sem que ele tivesse sucessor imediato – deveriam ser anexados às possessões inglesas.
Desde o século XVI os ingleses compravam produtos indianos – como tecidos finos – para vender na Europa com imensos lucros. Aos poucos os ingleses foram desalojando os comerciantes locais, até que o monopólio das atividades comerciais foi entregue a Companhia das Índias Orientais. Com o advento da Revolução Industrial, a Companhia passou a vender os produtos têxteis industrializados ingleses na Índia, acabando com as centenárias tecelagens indianas.
De milenar e grande exportadora de tecidos finos a Índia passou a exportadora de matéria-prima, em especial o algodão. A dominação inglesa da Índia tem um lado aterrador: as mudanças nas relações de produção, com o deslocamento de milhões de trabalhadores para as atividades ligadas à exportação levou a Índia a enfrentar grandes períodos de carestia de alimentos, matando 30 milhões de pessoas. Um dos episódios mais terrificantes da história da humanidade.
Houve resistência a dominação inglesa e ao choque cultural imposto pelos ingleses na Índia. Um exemplo emblemático e a chamada revolta do sipaios, que ocorreu em 1857. Os sipaios eram soldados indianos que deviam obediência aos oficiais ingleses. Havia é claro, a insatisfação em relação ao processo de ocidentalização e a doutrina de vacância, mas o estopim da revolta foi à incorporação de uma novidade em termos bélicos: a utilização de cartuchos que continham gordura de vaca ou de porco.
A utilização de gordura de vaca ou de porco como impermeabilizante dos cartuchos (que deveriam ser rasgados com a boca trazia sérios problemas para as duas principais vertentes religiosas da Índia: para os hindus a vaca era considerada um animal sagrado e para os muçulmanos o contato próximo com o porco poderia ser considerado algo impuro (na medida em que o porco era considerado um animal impuro). Muitos consideram a revolta dos sipaios o primeiro episódio de um longo processo que levará a Índia a sua independência. Houve a repressão britânica à revolta, proporcionando inúmeros massacres da população com milhares de pessoas mortas.
O domínio britânico na Índia perdurou até a metade do século XX. A Índia foi a primeira grande experiência imperialista do século XIX e acabou formatando um modelo que de uma forma geral foi seguido posteriormente por outras potências: 

Se precisar utilizar a repressão, inclusive, com massacres.

Buscar alianças com líderes locais e se utilizar das disputas locais de acordo com os seus interesses.

Praticar o intensivo controle militar das regiões conquistadas, utilizando-se muitas vezes da ajuda da população local.

Se utilizar de companhias comerciais para a exploração dos territórios.

Por meio de empréstimos potencializar o controle dos territórios e a obtenção de lucros.

Mapear e explorar as riquezas locais a exaustão, sem levar em conta os interesses das populações locais.


Os imensos lucros obtidos pelos ingleses na Índia possibilitaram que eles estendessem seus domínios em grande parte do continente asiático, incluindo parte da China.

O caso da China

Da mesma forma que a Índia, a China causou fascinação aos europeus por centenas de anos. Os produtos chineses durantes séculos foram apreciados pelos europeus, que importavam as especiarias chinesas, movimentando a economia local. Enquanto a Europa atravessava o período feudal, marcado pela ruralização e pela descentralização do poder, o China esbanjava uma cultura refinada e altamente organizada.
Vários países passaram a estabelecer contatos comerciais com os chineses, destacando-se a Inglaterra a partir do século XVIII, por intermédio da Companhia das Índias Orientais. Os estrangeiros eram vistos com desprezo pelos governantes chineses, e os produtos ocidentais não despertavam a sua cobiça, sendo vistos no máximo com curiosidade. Isso fazia com que – mesmo obtendo lucros fabulosos revendendo os produtos chineses na Europa – a balança comercial entre ingleses e chineses sempre fosse favorável a China, na medida em que não se interessavam pelos produtos ocidentais.
Contudo essa situação começaria a mudar no começo do século XIX, uma vez que os europeus descobriram um produto para ser vendido na Índia com grandes lucros: o ópio.
Consumido abundantemente, inclusive pela elite chinesa, o ópio transformou-se em um sério problema para a China. O seu consumo em território chinês havia sido proibido em 1800, mas, mesmo assim, os traficantes ingleses vendiam o produto, que era cultivado pelos ingleses na Índia.
Como resposta aos traficantes e ao governo inglês, os chineses tomaram medidas energéticas em 1839 e confiscaram cargas de ópio de navios ingleses lançando-as ao mar. Alegando prejuízo, a Inglaterra bombardeou inúmeras cidades inglesas, no que ficou conhecido como a Guerra do Ópio, que durou de 1839 a 1842 e que foi vencida pelos ingleses, amparados por sua supremacia naval.
A derrota chinesa teve como conseqüência a assinatura do Tratado de Nanquim (1842) que obrigava os chineses a abrirem os seus portos ao comércio estrangeiros, legalizava o comércio de ópio na China e cedia o controle da ilha de Hong Kong aos ingleses.
Mais do que isso a derrota chinesa alertou as demais potências européias para a fraqueza da China, que passou a ser acossada e humilhada por inúmeros países.


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