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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O mundo pós-Guerra Fria

 A década de 1980 assistiu ao início das transformações que culminariam com o fim do mundo socialista e a antiga rivalidade dos tempos da guerra fria, no início dos anos 1990.
No dia 9 de novembro de 1989 mudou o panorama político do século XX. Nessa data foi destruído o símbolo concreto da divisão do mundo em dois sistemas (capitalismo e socialismo), que caracterizou o período da guerra fria.
A década de 1990 começou sem o mundo socialista, e o modo de produção capitalista voltou a ser o único a reger a economia mundial. Antes de analisar o capitalismo dos últimos anos do século XX, é muito importante dar uma atenção especial às mudanças ocorridas durante a guerra fria nos países que adotavam esse sistema.

Nova ordem mundial — o mundo multipolar

Com o fim da bipolaridade, os Estados Unidos se viram transformados na potência "vencedora" da guerra fria e assumiram o papel da grande potência mundial. Entretanto, apesar do indiscutível poderio americano, Japão e Alemanha (hoje reunificada e integrando a União Européia) também apareciam como pólos da economia mundial, que se tornou, então, multipolar.
Essa nova situação, que o então presidente norte-americano George Bush chamou de nova ordem mundial na Conferência de Malta, em 1989, na verdade não trouxe muita coisa de novo. O que deixava de existir era a velha ordem bipolar e a rivalidade entre sistemas econômicos opostos que buscavam competir usando a capacidade militar.
Com a volta do mundo (com raras exceções) ao capitalismo, que prioriza o lucro e a propriedade privada, a economia mundial passou a funcionar segundo a lógica desse sistema.
A multipolaridade, isto é, o aparecimento de novos pólos econômicos, nada mudou na distribuição da riqueza no mundo. Os países ricos continuam ricos. E os pobres (ex-Terceiro Mundo) continuam pobres. Sem inimigo a ser vencido, a corrida armamentista perdeu força. A busca de novas estratégias para ganhar mercados passou a ter prioridade na ordenação econômica do mundo.
Porém devemos admitir que mudanças fundamentais ocorreram nessa fase do capitalismo financeiro, que passou a ser chamada de.globalização. Na globalização, há um crescente aumento dos fluxos de informações, mercadorias, capital, serviços e de pessoas, em escala global. São as redes, que podem ser materiais (transportes) ou virtuais (Internet). A integração de economias, culturas, línguas, produção e consumo, através das informações, transformaram o mundo em uma aldeia global.

A economia-mundo

A economia-mundo começou a dar seus primeiros passos quando as empresas transnacionais cruzaram as fronteiras dos Estados Nacionais, deslocando seu capital para atender a seus interesses econômicos, sempre que um lugar apresentasse maiores vantagens. Essas empresas têm filiais espalhadas pelo mundo todo, fazem aplicações, movimentam recursos, decidem sobre a produção e o comércio de seus produtos, independentemente dos governos nacionais dos países onde se instalam.
A facilidade e a rapidez de fluxos comerciais de capitais, entre os países, tornou-os extremamente dependentes uns dos outros, apesar da concorrência. Com a globalização e a economia-mundo, não se discutem apenas problemas econômicos na aldeia global.
Podemos falar, também, na mundialização de questões que devem ser resolvidas por grupos de países. Dentre elas destacam-se as questões ambientais, o aumento da pobreza, as crises econômicas, os direitos humanos, o tráfico de drogas e as ações terroristas.

A globalização

O fator fundamental para que a economia globalizada pudesse existir é a grande novidade da nova ordem mundial - a revolução dos meios de transporte e das comunicações. Hoje, fatos de qualquer natureza são transmitidos no tempo real para o mundo inteiro. Podemos assistir e acompanhar acontecimentos de qualquer parte da Terra no exato momento em que estão ocorrendo, seja uma corrida de Fórmula l, um jogo da Copa do Mundo e inclusive cenas de guerra no Oriente Médio ou na Yugoslávia. É possível comprar produtos fabricados em vários países em luxuosos shopping centers, na lojinha do bairro ou mesmo na barraquinha do ambulante da esquina.

A revolução técnico-científica

O setor mais importante dessa "revolução" é a indústria da informática, com o surgimento dos programas de computadores (softwares) e o avanço na técnica de armazenamento e processamento de informações através de redes digitais e cabos de fibras ópticas. A informática invadiu bancos, bolsas de valores, repartições públicas, hospitais, escolas, fábricas, lojas, supermercados e até mesmo a sua casa.
Nas telecomunicações, destacam-se os satélites artificiais e os telefones celulares de alcance mundial. Existe uma integração entre a informática e as telecomunicações: a telemática (Internet).
Outros campos também apresentam novidades, como o da biotecnologia, que é aplicada à medicina, à agricultura e à produção de alimentos. As palavras genoma (código genético) e transgênicos (geneticamente modificados) já foram incorporadas ao vocabulário da mídia e das pessoas em geral.

As empresas globais

Após a Segunda Guerra, as grandes empresas dos países desenvolvidos "invadiram" os países subdesenvolvidos, para fabricar seus produtos e aumentar ainda mais seus mercados de consumo.
Desse modo, não só fugiam dos pesados impostos e das severas leis trabalhistas de seus países de origem, mas também aproveitavam as vantagens da mão-de-obra mais barata nas novas unidades. Como seus produtos eram feitos em vários países, ficaram conhecidas como multinacionais. Hoje prefere-se denominá-las empresas transnacionais, uma vez que não são empresas de vários países, como a antiga terminologia poderia sugerir, mas empresas de um só país cuja ação ultrapassa fronteiras.
Nos anos 1980, as grandes empresas transnacionais perceberam que o modo de produção multinacional já não correspondia ao seu objetivo básico, isto é, mais lucro e aumento dos investimentos. Portanto, procuraram uma forma de aumentar esses lucros com a maior redução de custos (matéria-prima e mão-de-obra).
A empresa transnacional passou, então, a ser global, isto é, a aproveitar todas as vantagens que o espaço mundial oferece. Ela pode, por exemplo, fazer o seu projeto nos Estados Unidos, fabricar os componentes em Taiwan e montar o produto na Argentina. Uma transnacional se instala sempre em lugares onde encontra vantagens para que seu produto chegue ao mercado a preços mais baixos e com lucro maior para a empresa. Na fábrica global, os processos de produção são mundializados, isto é, possuem unidades de produção complementares em vários países.

Globalização regionalizada

Na economia-mundo, há uma grande ampliação das trocas comerciais internacionais. £ por causa dessa forte interação, alguns países procuram agrupar-se para enfrentar melhor a concorrência no mercado mundial.
A formação de blocos econômicos é uma regionalização dentro do espaço mundial, mas também uma forma de aumentar as relações em escala global, pois, ao participar de um bloco, um país tem acesso a vários mercados consumidores, dentro e fora do seu bloco.
Os principais blocos regionais são: União Européia, Mercosul, Nafta e Apec,.

Desemprego global

O "fantasma" do desemprego sempre rondou os países em épocas de crise econômica. É o chamado desemprego conjuntural, em consequência do mau desempenho da economia local.
A globalização trouxe outros tipos de desemprego, causados pelas modernas formas de administração para diminuir custos (desemprego estrutural) e a substituição do homem pela máquina (desemprego tecnológico).

A globalização de idéias

Esse processo de integração mundial, chamado globalização, não é só económico. Ele tem ao mesmo tempo uma dimensão política, social e cultural.
Para se estabelecer mundialmente, a grande empresa precisa da globalização cultural. O lazer, as formas de se vestir, as revistas, os jornais, as formas de consumo precisam ser parecidas em qualquer lugar do mundo.
O rádio e a televisão têm um papel importante na formação dessa cultura, pois, ao mesmo tempo que divulgam músicas, filmes e informações, sugerem um padrão de vida e de consumo que deve ser seguido para alcançar a felicidade.
Daí a importância de preservar e valorizar as culturas e identidades próprias de cada país, ameaçadas de desaparecer, como as fronteiras do capital e do comércio mundial.

A globalização do crime

As atividades do crime organizado também se beneficiam das facilidades tecnológicas das comunicações do mundo globalizado.
O tráfico de drogas de mulheres e crianças, as "máfias" de várias nacionalidades {chinesa, japonesa, coreana), além da original italiana, encontram mais facilidades para expandir suas ações criminosas. O terrorismo espalha mais rapidamente suas células de ação pelo mundo graças a essas facilidades.

O lado triste da globalização

A parte cruel da atual fase do capitalismo financeiro é a globalização da pobreza. Há uma diferença cada vez maior entre ricos e pobres, sejam pessoas, regiões ou países. Verifica-se um gradual empobrecimento da população, mesmo nos países desenvolvidos.
Podemos dizer que a mesma tecnologia que trouxe conforto e melhoria de vida para as pessoas, reduziu os postos de trabalho. A demanda de mão-de-obra qualificada aumentou e a oferta para trabalhadores sem o preparo necessário diminuiu.
Até nas competições esportivas, os países vencedores refletem as desigualdades econômicas. Você pode verificar que os países que tiveram os melhores desempenhos são ricos e estão concentrados, em sua maioria, na Europa. Os países com os piores desempenhos são nações pobres, em sua maioria, localizadas na África , América, Ásia, Europa do Leste e Oceania.

Protestos contra a globalização

A política neoliberal, as transnacionais e as desigualdades econômicas criadas pela globalização têm sido alvo de protestos em vários países do mundo. Em 2001, o Brasil sediou o Fórum de Porto Alegre, realizado como oposição ao Fórum de Davos, promovido pelo G-7 na Suíça, e à forma de globalização excludente defendida pêlos países que formam esse grupo.
As formas de protesto da oposição envolvem depredações, violência, ataques à propriedade privada, o que certamente não leva a nenhuma conquista efetiva dos opositores. Apesar disso, está claro que uma globalização mais igualitária, com a erradicação da miséria e respeito ao meio ambiente, é o que todos pretendemos ter um dia. Falta encontrar a fórmula certa para isso.

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